quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O meu Mundo

Eu alcancei sabedoria em relação
A vozes, que mentem normalmente
Como conseguem ganhar bem o pão
Enquanto falta tanto a tanta gente.

Ensinamentos guardo e se me dão
Trabalhos, que eu tão dificilmente
Ainda faço, como fiz com gratidão
Cumprindo ordens da voz que mente.

Se vivo de compreensão, tolerância
E sou feliz, talvez por ignorância
Tenho sonhos belos, hilariantes.

Nada me valeu, saber, que é pouco
E senti a bravura do mundo louco
Pelas razões duras e constantes.

Lágrimas inuteis

Porque choras assim, erro fatal
Tenta, muda e dá-te ao respeito
Tu tens o direito, e é essencial
Tira as dores, que tens no peito.


Luta, não chores, tu és especial
E não queiras a vida, sem efeito
E não deixes, que te façam mal
E és feliz, a viver o teu conceito.


Tu não receies e não chores mais
E não vivas só em função de perdão
E leva um sorriso, para onde vais.


E tu não vivas mais, nessa ilusão
Como fizeram tantos outros, iguais
E só não endureças o teu coração.

domingo, 17 de outubro de 2010

Canto louco de (novena)

Canto louco! Eu escrevo
Pela ternura da emoção
E talvez me sinta bem
Se cantar sem alegria
Quem sabe se a tradução
Que se excede dia a dia
Como as coisas que escrevo
E não são lidas por ninguém.

Canto louco! E disperso
Pela ousadia do pensamento
Que solto anda e pendido
Nas loucuras deste universo
Que eu trago dentro de mim
Como se fosse um tormento
Que anda a gemer assim
De tão louco e perdido.

Canto louco! Sobrenatural
Escondido ou curvado
Como torta eu me deslizo
Com liberdade e anseio
E o rosto trago tapado
Mas quem sou eu afinal
Se fraquejo, vejo e leio
Meu pensamento no paraíso.


Canto louco! E estremecido
Pelas sombras da floresta
Dispersas palavras que ajeito
Para as emoções dos costumes
E para o mistério devido
Que tem tudo o que nos resta
Até os malditos ciúmes
Que fazem faltar ao respeito.

Canto louco! E diverso
Que me eleva em tradição
Para as dunas do amor
Andas sentido e disperso
E tão cheio de confusão
Mas pela ternura do meu verso
Cheio de encanto e submerso
Contêm para mim mais valor.

Canto louco! E submisso
E arrastado pela fadiga
Para o universo da escrita
Como se fosse um amigo
Que desfaz um compromisso
E por muito, que nos diga
Às vezes não se acredita
Mas canta este canto comigo.



Canto louco! Louco e cheio
De espuma da corrente
Eu leio-me de cor e sozinha
Mas a brisa, solta e boa
Que me bate por anseio
Mostra muito à outra gente
Pela vontade que me voa
Nesta verdade que é só minha.

Canto louco! Cheio e louco
E sem falar mal de mim
Mesmo quando vou enganada
E no silêncio mau e triste
Já sem amor, ou muito pouco
Ou quase a chegar ao fim
Se a paixão já não existe
Eu canto muito para nada.

Canto louco! E desvairado
A cantar e a chorar a sério
E não é o caminho ideal
Mesmo a conter leveza e calma
Quem desvendar o mistério
Terá de ser rico e louvado
Ou jaz na minha alma
Como um canto imortal.

Santos e feiticeiros

Acordai, primeiro abram um girassol
Feiticeiras Luas e Santa Aleluia
Só quero ser sua ao nascer de um dia
Santos Milagreiros, Feiticeiro Sol.

Quero o que é meu Arcanjos, Senhores
Feiticeiras estrelas, mas sagradas
Se onde o merecer, Princesas coroadas
Feiticeiro Céu e Santos protectores.

Feiticeiros, Santos, histórias, lendas
São ouvidos tapados, olhos com vendas
Ou são as razões rudes, ou tolerância.

Santos, Feiticeiros, mitos, ou contos
São bocas caladas, para ganhar pontos
Ou são ilusões da vida, ou ignorância.

O verbo amar

A planar, a planar eu fui pelo ar
No verbo ir passado e inseguro
Tu vais, eu vou contigo e juro
Que vamos os dois a navegar.

A navegar, a navegar, fui ao mar
No verbo ir presente com futuro
Eu vou, tu vais comigo seguro
Nós vamos os dois ao ar amar.

A planar nós vamos e com rigor
No verbo ir, pretérito perfeito
Os dois juntos, unidos pelo amor.

A navegar, vamos e por emoção
No verbo ir, chegamos ao feito
Os dois de mãos dadas em paixão.

domingo, 3 de outubro de 2010

Murchou a flor do amor

O canteiro da vida em mim floresceu
No matizado da Orquídea em flor
Ao beijar a tua face, ò amor meu
No Lilás desbotado da sua cor.

Desabrochou a Rosa do nosso amor
E o que de tão pequeno se perdeu
Voou nas asas negras do condor
Agora amor finado que é o teu.

Em cada beijo trocado se embalou
Encandeado adormecido se enganou
E jaz no teu peito e no teu jardim.

E em cada abraço dado, me iludiu
Desfalecido e acabado se fundiu
E choram as flores com dó de mim.

Simplesmente Maria

Quem me dera, ser pastora
Em alta serra do horizonte
Quem me dera, ser senhora
Em alta rota mais coerente.

Quem me dera, ser já agora
Em alta-roda mais exigente
Quem me dera, ser criadora
Em alta poesia, ascendente.

Quem me dera, ser bem diferente
E em alta vida de humildade
Aquela que faz bem a toda a gente.

Quem me dera, ser assim somente
E em alta moda, sem vaidade
Fosse apenas eu, eu simplesmente.

A chuva

Cai livremente no chão
E refresca a natureza
Umas vezes perde a razão
Outras trás alguma beleza.

Gosto dela, ela é bela
E gosto de vê-la a cair
Quanto mais preciso dela
Mais de mim anda a fugir.

Por vezes é tão delicada
Que parece vir dançando
Umas vezes cai por nada
E outras vezes vai faltando.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O tempo

Nele fazia o que podia
Umas vezes por gosto
E outras por obrigação
Pela razão do dia a dia.

Nele me alivio e torturo
E para o ter como amigo
De coração não o procuro
Eu tenho-o sempre comigo.

Sem amor não se vive

Eu faço versos e desfaço
Do meu pobre coração
Atrapalho o seu espaço
Por esta simples razão.

E faço de tudo um pouco
À minha alma insatisfeita
Trago o pensamento louco
E minha saudade à espreita.

Desfaço e faço as rimas
Em quadras do meu dever
Levo o amor e as cismas
Ao que desfaço sem querer.

Faço a prosa sem medida
Sem tamanho e sem pudor
E tudo faz parte da vida
Menos o viver sem amor.

A brincar a brincar

Ceifei a vida por brincadeira
Fundi o tempo por magia
E esta vida de ceifeira
Eu dei-a inteira à poesia.

Transpus acção derradeira
Na disputa do dia a dia
Passei a ter menos canseira
Pela brincadeira que trazia.

Evacuei o sentido por nada
E derrubei a inquietação
Lapidei a alma calada
E acordei tarde o coração.

E a brincar a brincar, fazia
Um poema com imaginação
E também ceifei neste dia
Os versos desta inspiração.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Um desejo de amor

Desejado foi o sonho, sonhado no passado
A sonhar levei meu ser, também diferente
Por caminhos estranhos, que levam a gente
Ao desejo, de se andar sempre lado a lado.


Lançado foi o grito, que vem assim calado
Na voz desse amor e que tão sério o sente
E o leva ao horizonte pela brisa levemente
Num desejo, de se ser bem mais desejado.


Controlado foi o destino, destinado ao sonho
Embalado foi o amor e tão desejado para a vida
Atribulado é o caminho do desejo, que ponho.


Decisivo foi um sonho, que não foi realizado
Desmedido foi um desejo, de não se ser querida
Concebido é o pensamento enquanto é amado!

O que é o amor

Se queres saber o que é o amor
Lê este poema e sente ao lê-lo
Não precisa ser tudo, basta ser dor
Verdadeira e será de todo o mais belo.


Se queres saber o que é o amor
Lê este poema e sente ao lê-lo
Verás então, que o Mundo é melhor
E enquanto o é, sê feliz para merecê-lo.


Sem fingir, mendigar e sem necessidade
Senão não é amor, amor é o que escrevi
O amor é belo, é paz e saúde, é bem-estar.


Sem obrigação, arrogância, ou falsidade
O amor é tudo, o que for melhor para ti
E amar é bom! É vida em si! Só para amar.

terça-feira, 20 de julho de 2010

O retrato do Mundo na Era antiga

(Zé-povinho)

Nascia nu, tão nu como todos ao nascer
Crescia com regras para um dia ser alguém
Vivia feliz pois tinha trabalho até ao anoitecer
E tinha orgulho por ser sério como ninguém.

(Capitalista)

Nascia nu, tão nu como todos ao nascer
Crescia com regras para um dia mandar bem
Vivia feliz pois tinha dinheiro para poder viver
E tinha poder para querer fazer tudo também.

/Zé-povinho)

Nasciam nus, tão nus como todos ao nascer
Corriam tanto como quem quer chegar ao fim
Da vida, bem muito antes de envelhecer.

(Capitalista)

Nasciam nus, tão nus como todos ao nascer
Caminhavam lentamente e á espera do seu fim
Do Mundo, bem muito depois de morrer.

domingo, 11 de julho de 2010

Fiz um livro

Eu fiz um livro da própria vida
Com a mágoa, dor ou desgraça
Fiz de tudo um pouco, vencida
Pela desventura, que aqui passa.

Também fiz poesia convencida
Que não tinha valor nem graça
E fiz de tudo enquanto perdida
Como em tudo que quero ou faça.

E pela lucidez deste momento
Eu confesso então, valer a pena
Fazer da alma o coração atento.

E pelo descontentamento, atroz
Eu confesso também estar serena
Ao fazer deste livro a minha voz.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Barco sem rumo

Eu sou um barco a navegar
Que já ando no Mar à deriva
Como sinto o vento a soprar
Um barco à vela convencida.

Eu vou na água sem remar
E sobre a tona ando perdida
Vou naufragada de procurar
O rumo certo da minha vida.

E encalhada, estou no fim
Também à procura de mim
Em lugar ermo tão deserto.

Mas nunca estive tão perto
De já saber de mim ao certo
Que eu sou um barco assim.

A amizade dos poetas

De mão dada com a Luso graciosa
Lá vai a Maria bem mais contente
Bem mais feliz e mais grandiosa
Com esta linda amizade recente.

É tenra ainda, mas já bem valiosa
E acordada no peito de boa gente
Que louva nesta escrita honrosa
Que é de todas a mais diferente.

Porque saúda os poetas em geral
Este soneto bem simples e sincero
Ao dar as mãos de amigo, afinal.

E agora que vou terminar assim
Somente desejo e também espero
Que esta amizade não tenha fim.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

A flor da idade

É torneada a beleza
Na naus da mocidade
Embalada sem saudade
Porque ainda sustenta
Admiração com certeza
Quando lhe traz a felicidade.

Bendito seja o momento
Que sente a sua essência
Abençoadas sejam as horas
Que elevam a sua existência
Que vem de passos lentos
Como águas tiradas pelas noras.

Sagrado coração, abençoado
Nas dunas do amor
Se reencontre em qualquer lado
A pensar em si todas as horas
E adormecendo a morte
Com esta linda flor.

A emoção

Num movimento oscilante
Há uma brisa que passa
Mas não entra, vai e leva
A minha mente ao labirinto
Desconcerta o grave grito
Mistura-se por um instante
À vida que me abraça
E pelo tormento descai
Arranco a mentira, não minto
E agito o coração aflito
Nos movimentos da emoção
Que lapido no meu peito
Afago o momento que sinto
E é tão belo e tão bonito
E nunca me abraça perfeito.

Rosa vermelha

Fechada em vácuo, eu
Sufoco a minha escrita
E no sopé da montanha
O meu coração palpita
E o meu corpo sem manha
Sente os espinhos, estranha
De uma flor tão bonita.

Eu, aberta por ousadia
Liberto todo o meu medo
Onde vou mais atrevida
Aprecio o Sol de manhã cedo
Flutuo na minha própria vida
Fechada e em segredo
Aonde sou sempre querida.

Amor puro engano

Anda de ondas brandas, o mar no Verão
Mostra a paz, soberana da imensidade
Onde os amantes vão buscar claridade
Rindo por falsidade ou por pura ilusão.


Puro é o sossego, que eu trago no coração
Universo de palavras sadias de verdade
Rumo ao amor, o que nos deixa saudade
Ondas do mar, que me levam em solidão.


E entre plumas, flores, amores e mares
Não me lembro dos espinhos que virão
Ganhar-me em tristeza, dores e pesares.


Ando assim perdida por amor e desejos
Nada me detêm e embarco nessa paixão
Onde me sinto enganada nos teus beijos.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Peregrino

Caminhava numa manhã de sol, deslumbrante
Ventava leve e fazia um ar fresquinho
O que bulia a folhagem do caminho
E a fazer um som musical, constante.


Suavidade, que leva o corpo atenuante
Ao pensamento chegavam devagarinho
Sonhos que me atolavam de carinho
Nesta longa caminhada, flutuante.


E eu voei nas asas deste sonho e encontrei
A pensar, qual seria o meu destino
Para continuar a vida de peregrino
Que neste Mundo, eu por ti levei.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Somos iguais

Tem por mim mais que tudo, vida atribulada
O sonho misturado á saudade e muito além
É o amor confuso pela ilusão e mais aquém
Aonde levo afeição á realidade do meu nada.


Tens por ti mais que tudo, a vida conquistada
Como quem nesta vida afortunada, tudo tem
E sem sorte traiçoeiro e ligeiro tudo me vem
Em desalento e me trás consigo, de mão dada.


E a alma perdida, ou mais só do que ninguém
Baila ao som da sua música, calma e serena
E já á procura em outra gente, mais alguém.


E figura em loucura, na que se torna ou sente
Nesta vida, que se mostra em mim pequena
E que por fim, se mostra igual a tanta gente.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

A realidade dos sonhos

E sonhava eu, que um dia fosse real
O meu sonho, retratado a par contigo
E como se fosse, a coisa mais natural
Da vida, tão atribulada e que eu sigo.


E sonhavas tu, que um dia era afinal
Um quadro, em que o sonho é amigo
E como sendo em tudo, mais original
Da vida, tão parecida com o que digo.


E foi apenas um molde, em arte junta
Como quem quis, fazer uma pergunta
Às encruzilhadas de vidas, sãs e reais.


E foi somente a realidade de um sonho
Como quem quis o futuro mais risonho
Ao criar laços de amigos, que são leais.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Olhos verdes são traição

Em teus olhos vi amor, assim que me viste
Logo meu olhar percorreu serras e montes
E por saber, que o teu olhar no meu existe
Assim ficou, o meu olhar, nos horizontes.


E as lágrimas que correm num rosto triste
Dos meus olhos, que mais parecem fontes
Onde se perdeu, o que tu por mim sentiste
No infinito olhes e o meu olhar, encontres.


E por estranhos caminhos andas, meu olhar
Com a esperança de te voltar a encontrar
Agora, que caiu o meu olhar em tentação.


Eu tenho os olhos tristes, neles há saudade
Como pude ver em teus olhos esta verdade
Mesmo sabendo, que olhos verdes são traição!

Sonho, o começo da paixão

Eu sonhei que passeava a sós contigo
Foi dum estranho som, no arvoredo
Que disseste amor não tenhas medo
E abraçando-me mais que um amigo.

Já cansados, paramos num rochedo
O que para amar, serviu de abrigo
E estavas tão feliz de bem comigo
Contamos um ao outro um segredo.

De um sonho de amor, puro e bom
E que até a mim causou, espanto
Dei-te a mão ao ouvir o mesmo som.

E só não queria acordar e ficar triste
E a sonhar amei tanto mesmo tanto
Que amor assim, creio que não existe.

A arte

Aguarelas, pinturas
E belos desenhos
São traços de amarguras
São tintas, são artes
Da natureza sem fim
Pensamentos, gravuras
Marcadas por mim
Etapas vencidas
São quadros, são figuras
São jóias e tesouros
Que mostram assim
Em simples escrituras
Que se perdem no tempo
Infinito
Mas é tão bonito
Exibir em toda a parte
Pois isto é a vida
Pois isto é a arte.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Beleza distinta

Com o olhar, eu aprecio as paisagens
Com o vento a soprar ao meu ouvido
Eu faço quadros das minhas miragens
Pintados de ilusão, com mais sentido.


Com o sentir, eu idealizo estas viagens
Com o aroma perfumado, bem iludido
Eu faço o destino, com mais vantagens
Desenhado com intenção e já perdido.


Com a mente, eu moldo a figura ausente
Daquele Ser, que já nada tem, ou sente
Deslizando, com o pincel enquanto pinto.


Com a mão, eu traduzo a beleza natural
Daquele Ser, que não tem nada de mal
Deslizando como um Ser, ao ser distinto.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Calem as vozes

Do Céu brilham as estrelas
Ao meu olhar de fatigada
Espera-me a cama deserta
Funde o pensamento vago.

Da Lua iluminada nas telas
Com a minha mão desafinada
Rabisco a vida vazia, incerta
De tantos feitiços que trago.

Do Céu e da Lua, ou de mim
Ò brilho iluminado do além
Deixa-me luz de vida sem fim
Dá-me o amor puro de alguém.

Calai-vos almas no firmamento
Das inquietações tão regulares
Mais controladas e com talento
Calai os ódios de outros lugares.

Calai meus versos descuidados
Derrubai expressões singelas
Suspendei desvalores e pecados
E dividam fadários em parcelas.

Melodia do coração

Vai no ar a brisa e dança
Ao som desta melodia
Dá-me abraços, esperança
Dá efeitos a este dia
Que ainda é uma criança.

Corre e bate, cora o rosto
A indecência do corpo nu
Tão leviano e descomposto
Coberto por um véu que és tu
Dançarino do meu gosto.

Vem no ar, bate e não socorre
A brisa a bailar, esguia
Eu sinto um gesto que corre
Dentro da minha ousadia
Bate e dança e nunca morre.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Desfaçatez

Fiz uma cama no chão
Com um ramo de flores
E despi-me da solidão.

Entreguei-me ao amor
Deitei o meu coração
Pelo chão dei-me e amei.

E fiz-me alheia a tudo
E construi a minha teia
No tempo que escasseia.

Coberta por um manto
E a conter mais encanto
E com ele eu me iludo.

Por fim, desfaço a cama
E o coração que te ama
Deitado assim pelo chão.

Noite de chuva

A noite chora. Triste
Com ela o amor desmaia
Assombra o que nela existe
Antes de mim, que saia
Tudo o que já destruíste.

O céu também chora
Com ele o meu Ser detém
Afaga o rosto de agora
E a chuva lhe bate também
Por todo o mal de outrora.

A vida que vem a chorar
Com ela a triste sina
Iça a bandeira negra ao ar
Deslizando na haste fina
E choram as flores a finar.

domingo, 25 de abril de 2010

Liberdade

O cravo que sorri

E foi esta a madrugada
Que há muito era preciso
A que no silêncio da noite escura
A revolta embalava
E rondava o querer do coração
Da liberdade e do paraíso
Aonde se afoga um passado
Apagado numa revolução.

A que souberam conquistar
Arduamente e com vontade
E o troféu foi um cravo vermelho
Que se levantou a lutar
Pela nossa liberdade
E de mãos dadas pela rua
Com a arma carregada pela flor
Que condiz com amizade.

E como se encheu de amor
Esta maravilha de luta
Que nos deu esperança
E liberdade à nossa voz
E entrou em todos nós
Como um presente cheio de cor
Glória e bonança.

Não há liberdade sem justiça
Nem justiça sem valores
Não há valores sem humanidade
Nem humanidade sem cultura
E só assim há liberdade.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Este livro

Este livro é o meu primeiro
É o que o meu ser mais deseja
E mesmo, que ele bom não seja
É bem sincero e verdadeiro.

E foi para mim um parceiro
Que não teve vaidade e inveja
E louva, a quem ao lê-lo esteja
Sentindo-o um companheiro.

Em todo este conteúdo, sincero
É que nos faça bem, eu espero
E que nos ensine alguma coisa.

E que nos tire do peito saudade
E pouse em vós tanta vontade
Como também, em mim poisa.

Humildemente

A plenitude do meu ser me abraça
Na disfunção de mim e é entregue
A quem serve do meu albergue
Pela lucidez que me passa,
E não fica, deliberadamente.

E surge a fanar no meu leito
O calor da ternura e do amor
Eu desnudo o meu peito
E descubro um defeito maior,
Da minha alma indiferente.

Vagueio no teu corpo, alheio
Desgasto sóbria a minha dor
Nas atrocidades do meu meio
Desfruto voos com asas de condor,
E sei-me de cor humildemente.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Asas de liberdade

Gaivota que voas livre sem fingimento
Nas asas levas o destino e a felicidade
Tu voas sobre as ondas, calma e suave
Apenas e tão só, à procura de sustento.

Gaivota que voas livre e com talento
Nas asas levas a tristeza e a saudade
Aquela que nem no Mar imenso cabe
Onde levo descontente o pensamento.

Gaivota ouve o meu grito e por fim
Dá-me algo estou faminta e perdida
Tal e qual como a fadiga destas mágoas.

Gaivota amiga, vem juntar-te a mim
Convence-me que isto faz parte da vida
E liberta-me quando voas sobre as águas.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Declaração

Tu podes crer que acredito
Mesmo que finja que não
Sei bem que não é bonito
Mentir assim ao coração.

E sem o teu amor não fico
Não me queiras por traição
Com meus olhos tenho dito
Ao teu olhar, com paixão.

Se me queres como te quero
Aqui me declaro e decido
Se tu queres, eu por ti espero.

Mas não fiques, convencido
Que eu por amor tudo tolero
Se fores sincero, és merecido.

Saudade

Minha vida triste de saudade
Desde que entraste em mim
A vaguear ando no Mar sem fim
Onde anda em mim esta verdade.

Tão cruel tristeza, ou fatalidade
Ou sou eu um enfeite assim
Como as flores de um jardim
Quando reina em mim, vaidade.

Sonho deitada e sobre o meu leito
E muito feliz entre os teus braços
E bem guardada dentro do peito.

Ainda tenho o olhar de esperança
Nos momentos, que são escassos
Estes de saudade e de lembrança.

terça-feira, 13 de abril de 2010

A verdade

Eu escrevo, mas já muita gente escreveu
E não é para que se lembrem de mim
È para se lembrarem, que hà alguém, sim
Só a dizer, o que nunca ninguém percebeu.

E hà sempre alguém a escrever, como eu
E haverá alguém, que escreve assim
Tudo aquilo, o que sempre bem entendeu
Por saber bem, que a verdade não tem fim.

Quem canta e chora, também ri, da vida
Se não quer ser assim, como toda a gente
Mostra a escrever tudo aquilo que sente.

Quem tira e dá, também será esquecida
Se não tem nada e nem medo de morrer
Liberta-se de alma e coração a escrever.

Vida, fado tirano

Vindo de ti o amor, meu fado tirano
Infante de loucura, um tanto bera
Dando ao Sol as flores da Primavera
Arma propícia à ilusão, ou engano.

Fazendo a ilusão, causar tanto dano
Amigo da aventura e da quimera
Dando o tempo à paixão e nesta Era
Onde ela vai crescendo a cada ano.

Triste é o fim, em derradeiro dia
Impondo a tradição deste Mundo
Rindo de mim e de quem me guia.

Ando perdida, sem razão e triste
Num tempo de sentido, profundo
Oposto a tudo, que em mim existe.

Detesto a mentira e minto

Sempre que eu ouço palavras ocas
E mentiras inventadas por interesse
È que tantas e tantas vezes acontece
Que sendo muitas, mais acho poucas.

Na aparente verdade de vidas loucas
È que muitas mais vezes, me apetece
Mentir, quando a verdade me aparesse
Porque a elas eu faço, orelhas moucas.

E será verdade tudo isto que eu vejo?
Ou é vontade de verdade, que eu desejo
De ter em mim sabiamente sem vaidade.

E no meu ser vasto de entendimento
Tem a minha voz palavras, que invento
Quando por mal querem a minha verdade!

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Os olhos tristes

Ando perdido sem saber eu como
Meus olhos cheios de mágoa e ternura
Os meus pés pisam terra dura
Refugiam-se pensamentos, como o fumo.

Belos exemplos nos dá a ternura
Enquanto lembra, mantêm-se o aprumo
Leio em ti a minha amargura
Olhos não choram, fruto sem sumo.

Exemplos raros, medito em mim
Não posso mais tua voz me encanta
Gestos sensíveis, beleza é tanta

Ama-me doida, não finjas que sim
Não digas depois, que tudo te espanta
Os olhos tristes por chegar ao fim.


Amor belo engano. Abril de 1975-Lever /Zé Rocha

Primavera criadora

A primavera sempre chegou
Com ela trás... Tanta... Tanta flor...
Em nós dois floresceu o amor
Quando em outros, já se acabou!

Em busca de amor, também vou
Para ter felicidade ao meu redor
E seja com a mágoa, ou dor...
Pelas estradas, que piso e estou.

E seguindo o caminho em frente
Que só ao amor conduz a gente
E a uma estrada bem melhor.

E a estrada à vida nos conduz
Para sofrer todos temos uma cruz
Mas sofreremos ambos por amor.

Eu sou assim

Eu sou a noite em ti, escurecida
Sou a manhã mais triste e amena
Sou o romper do sonho e da vida
Só não sou, o Ser de alma pequena.

Eu sou o dia, que me traz perdida
Sou, talvez a alma, calma e serena
Sou a natureza que não é vencida
Só não sou feliz assim e tenho pena.

Eu sou também, o grito da voz ferida
Sou a vida feroz e a mulher guerreira
Só não sou, como queres, adormecida.

Eu sou enfim, mais uma das mulheres
Sou das trevas, infinita e companheira
Só não sou, o ser assim, como tu queres!

O livro

O livro ensina, é para nós um professor
Vai instruindo ao sabor do aprendiz
E seja como for, seja ou não feliz
É como um menino envolvente no amor.

O livro mostra, que da história é senhor
E folheando folha a folha um petiz
E entenda ou não, tudo o que diz
Não deixará de ser belo, ou de ter valor.

O livro comunica, ao ser agerto
E enquanto de alguém está perto
Faz companhia e afasta a solidão.

O livro é um amigo, de todo leal
Do mais remoto sentido universal
Recebe e dá, é para nós uma lição.

sábado, 3 de abril de 2010

Andei perdida

Perdida, fiz prosas e versos do sofrimento
E fiz poemas sem rimas dos meus pecados
E inspiro-me no bem e a todo o momento
Trago a alma e o coração, mais enganados.


Perdida, travei lutas e guerras do tormento
Perdi-me em amores loucos e já passados
Quando levei, mais loucura em movimento
Como quem deixa saudade aos seus fados.


E trocava dias felizes, por noites de paixão
Eu ganhava amores e desamores, iludida
E levava a vontade de amar ao coração.


E de novo me sorria, uma bela e boa vida
Eu fazia rimas e versos desta pura ilusão
E tudo me fez crer, que andei perdida.

Queria ser criança

Ao ver-me passar da mocidade
Sinto saudades da minha infância
Por não ter mais aquela tolerância
Nem que eu tivesse já maldade.

E assim desiludida com a idade
Embora viva como era em criança
Hoje, eu sou feliz só de lembrança
E comigo viverá esta saudade.

E quem me dera ser criança novamente
Para eu me achar com tudo indiferente
E fosse crescendo, mas sem vaidade.

Para eu ver um mundo bem diferente
Do passado nasce em mim esta vontade
De ser criança e fazer mal, sem maldade.

Mãe

A que uma vida, sofreu do coração
E um ingrato dia, morreu de aflição


Era simples, boa e sem vaidade
Aquela, a que a vida tristemente
Castigou vez após vez, lentamente
Até que a levou para a eternidade.

No coração a guardamos com saudade
Está no infinito, do Mundo ausente
Era para nós, mais que um parente
Neste Mundo, tão cheio de maldade.

Teve o fim ainda com tanta vida
E que embora má, era-lhe querida
Seguiremos seus passos sem enganos.

Neste Mundo cruel e de levianos
Da sua morte passaram já dez anos
E de nós filhos, jamais será esquecida.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Amar e multiplicar

Entreguei-me ao amor e a sonhar
Entrei no caminho bom e medonho
Amor no teu Ser, o meu eu ponho
Amadureci, já são horas de amar.

Encantei-me, no teu lindo olhar
E pensei não passar de um sonho
Neste presente, sincero e risonho
Dois corpos nus começam a semear.

Num leito muito cheio de paixão
Onde se entrega a alma e o coração
E os dois corpos comandam o momento.

São dois Seres, despidos da solidão
Aqui, onde tudo se faz e tem perdão
E com ansiedade aguardam o nascimento.

Asas no coração

Eu tive asas, para voar ao céu divino
E vivia envolta de tão grande solidão
Não sabia que era este o meu destino
Andar no Mundo em tamanha ilusão.

E nos meus versos, levantei um hino
O que fez sentido num pobre coração
E no meu peito ficou-me este ensino
E foi então que eu aprendi esta lição.

Quando bati asas assim insatisfeita
E já no meio de tanta luta e confusão
Meu coração tão ansioso assim se deita.

Asas no coração eu tive e sem fim
E pude voar nos sonhos desta paixão
Na vontade de verdade, que há em mim.

quarta-feira, 31 de março de 2010

O meu soneto

Eu fiz de mim, este soneto
O que tem versos tão dispersos
E que eu neles me comprometo
nos desafios mais controversos.

E com ele eu me visto de preto
Quando os quereres são diversos
E em rima pobre também o meto
Porque sou eu os catorze versos.

Por isso fujo à vida com tristeza
E ao Mundo por ter a certeza
Que dele sou tão desligada.

Por fim, não é belo o meu poema
Nasci, vivi, neste triste sistema
Morri e o soneto não é nada.

Retalhos da vida

São retalhos do Universo, achados e perdidos
Os desta vida humilde, retalhados e sem medo
São pecados, que andam sorrateiros e iludidos
E por esse Mundo além e relatados no enredo.

São pedaços, que andam soltos por ai traídos
Os de um sofrer e retalhados, desde bem cedo
São restos de vidas tristes, algures mantidos
E por esse Mundo além, relatados em segredo.

São vidas retalhadas por estes gritos de dor
Como quem vem das profundezas do inferno
E deixando as mágoas delirar bem e ao dispor.

São vidas retalhadas e somente por castigo
Sem nunca alcançar amor verdadeiro, eterno
E a ficar em mim outros retalhos que não digo.

Amigo dos segredos

Foi só contigo que desabafei
Foi só a ti, que eu disse tudo
Eu confessei, que não me iludo
Em tudo, que sobre ti derramei.

E das mágoas, que eu te dei
Foi só a ti, ó meu amigo mudo
que tantas vezes deixei confuso
com as coisas que do peito tirei.

Eu pus nas tuas folhas de amigo
Esta vida que abriu seu peito
E sem nunca ver outro jeito.

Senão, só segredar contigo
tu foste fiel aos meus medos
E o guardião dos meus segredos.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Ser poeta

Ser poeta é: Ser um Ser diferente
É ter na alma um grande e terno amor
É ter vontade de mostrá-lo à outra gente
E é vivê-lo assim intensamente sem pudor.

Ser poeta é: Ser um Ser transparente
É trazer dentro do peito um grito de dor
É trazer nos lábios um sorriso descontente
E é ter magia nas palavras e com mais valor.

Ser poeta é: Conhecer bem a natureza
É ser crente no amor eterno e verdadeiro
E é abraçar um vasto universo, com firmeza.

Ser poeta é: Voar alto para ser distinto
É ter força em ser alguém criador, pioneiro
E é sentir assim a vida e o amor como eu sinto!

quarta-feira, 10 de março de 2010

Asas no coração

...Quando bati asas assim insatisfeita
E já no meio de tanta luta e confusão
Meu coração tão ansioso assim se deita...

...Asas no coração eu tive e sem fim
E pude voar nos sonhos desta paixão
Na vontade de verdade, que há em mim...

Maria Gomes
25 de Dezembro de 2002

domingo, 7 de março de 2010

Fala por mim

Sei, que não sou poetisa
Apenas gosto de escrever
Pois isto não é arte é vida
E é para quem goste de ler.

Sou uma leiga, ou perdida
E que não sei o que é viver
Ou estou agora convencida
Que eu vivi sempre a morrer.

Se gostarem da minha escrita
Não é por ser boa, ou bonita
É por ser somente a verdade!

Com frases cheias de ansiedade
Da vida simples e sem maldade
Desta, que assim calada! Grita!

Maria Gomes
19 de Novembro de 1984