quarta-feira, 28 de abril de 2010

Calem as vozes

Do Céu brilham as estrelas
Ao meu olhar de fatigada
Espera-me a cama deserta
Funde o pensamento vago.

Da Lua iluminada nas telas
Com a minha mão desafinada
Rabisco a vida vazia, incerta
De tantos feitiços que trago.

Do Céu e da Lua, ou de mim
Ò brilho iluminado do além
Deixa-me luz de vida sem fim
Dá-me o amor puro de alguém.

Calai-vos almas no firmamento
Das inquietações tão regulares
Mais controladas e com talento
Calai os ódios de outros lugares.

Calai meus versos descuidados
Derrubai expressões singelas
Suspendei desvalores e pecados
E dividam fadários em parcelas.

Melodia do coração

Vai no ar a brisa e dança
Ao som desta melodia
Dá-me abraços, esperança
Dá efeitos a este dia
Que ainda é uma criança.

Corre e bate, cora o rosto
A indecência do corpo nu
Tão leviano e descomposto
Coberto por um véu que és tu
Dançarino do meu gosto.

Vem no ar, bate e não socorre
A brisa a bailar, esguia
Eu sinto um gesto que corre
Dentro da minha ousadia
Bate e dança e nunca morre.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Desfaçatez

Fiz uma cama no chão
Com um ramo de flores
E despi-me da solidão.

Entreguei-me ao amor
Deitei o meu coração
Pelo chão dei-me e amei.

E fiz-me alheia a tudo
E construi a minha teia
No tempo que escasseia.

Coberta por um manto
E a conter mais encanto
E com ele eu me iludo.

Por fim, desfaço a cama
E o coração que te ama
Deitado assim pelo chão.

Noite de chuva

A noite chora. Triste
Com ela o amor desmaia
Assombra o que nela existe
Antes de mim, que saia
Tudo o que já destruíste.

O céu também chora
Com ele o meu Ser detém
Afaga o rosto de agora
E a chuva lhe bate também
Por todo o mal de outrora.

A vida que vem a chorar
Com ela a triste sina
Iça a bandeira negra ao ar
Deslizando na haste fina
E choram as flores a finar.

domingo, 25 de abril de 2010

Liberdade

O cravo que sorri

E foi esta a madrugada
Que há muito era preciso
A que no silêncio da noite escura
A revolta embalava
E rondava o querer do coração
Da liberdade e do paraíso
Aonde se afoga um passado
Apagado numa revolução.

A que souberam conquistar
Arduamente e com vontade
E o troféu foi um cravo vermelho
Que se levantou a lutar
Pela nossa liberdade
E de mãos dadas pela rua
Com a arma carregada pela flor
Que condiz com amizade.

E como se encheu de amor
Esta maravilha de luta
Que nos deu esperança
E liberdade à nossa voz
E entrou em todos nós
Como um presente cheio de cor
Glória e bonança.

Não há liberdade sem justiça
Nem justiça sem valores
Não há valores sem humanidade
Nem humanidade sem cultura
E só assim há liberdade.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Este livro

Este livro é o meu primeiro
É o que o meu ser mais deseja
E mesmo, que ele bom não seja
É bem sincero e verdadeiro.

E foi para mim um parceiro
Que não teve vaidade e inveja
E louva, a quem ao lê-lo esteja
Sentindo-o um companheiro.

Em todo este conteúdo, sincero
É que nos faça bem, eu espero
E que nos ensine alguma coisa.

E que nos tire do peito saudade
E pouse em vós tanta vontade
Como também, em mim poisa.

Humildemente

A plenitude do meu ser me abraça
Na disfunção de mim e é entregue
A quem serve do meu albergue
Pela lucidez que me passa,
E não fica, deliberadamente.

E surge a fanar no meu leito
O calor da ternura e do amor
Eu desnudo o meu peito
E descubro um defeito maior,
Da minha alma indiferente.

Vagueio no teu corpo, alheio
Desgasto sóbria a minha dor
Nas atrocidades do meu meio
Desfruto voos com asas de condor,
E sei-me de cor humildemente.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Asas de liberdade

Gaivota que voas livre sem fingimento
Nas asas levas o destino e a felicidade
Tu voas sobre as ondas, calma e suave
Apenas e tão só, à procura de sustento.

Gaivota que voas livre e com talento
Nas asas levas a tristeza e a saudade
Aquela que nem no Mar imenso cabe
Onde levo descontente o pensamento.

Gaivota ouve o meu grito e por fim
Dá-me algo estou faminta e perdida
Tal e qual como a fadiga destas mágoas.

Gaivota amiga, vem juntar-te a mim
Convence-me que isto faz parte da vida
E liberta-me quando voas sobre as águas.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Declaração

Tu podes crer que acredito
Mesmo que finja que não
Sei bem que não é bonito
Mentir assim ao coração.

E sem o teu amor não fico
Não me queiras por traição
Com meus olhos tenho dito
Ao teu olhar, com paixão.

Se me queres como te quero
Aqui me declaro e decido
Se tu queres, eu por ti espero.

Mas não fiques, convencido
Que eu por amor tudo tolero
Se fores sincero, és merecido.

Saudade

Minha vida triste de saudade
Desde que entraste em mim
A vaguear ando no Mar sem fim
Onde anda em mim esta verdade.

Tão cruel tristeza, ou fatalidade
Ou sou eu um enfeite assim
Como as flores de um jardim
Quando reina em mim, vaidade.

Sonho deitada e sobre o meu leito
E muito feliz entre os teus braços
E bem guardada dentro do peito.

Ainda tenho o olhar de esperança
Nos momentos, que são escassos
Estes de saudade e de lembrança.

terça-feira, 13 de abril de 2010

A verdade

Eu escrevo, mas já muita gente escreveu
E não é para que se lembrem de mim
È para se lembrarem, que hà alguém, sim
Só a dizer, o que nunca ninguém percebeu.

E hà sempre alguém a escrever, como eu
E haverá alguém, que escreve assim
Tudo aquilo, o que sempre bem entendeu
Por saber bem, que a verdade não tem fim.

Quem canta e chora, também ri, da vida
Se não quer ser assim, como toda a gente
Mostra a escrever tudo aquilo que sente.

Quem tira e dá, também será esquecida
Se não tem nada e nem medo de morrer
Liberta-se de alma e coração a escrever.

Vida, fado tirano

Vindo de ti o amor, meu fado tirano
Infante de loucura, um tanto bera
Dando ao Sol as flores da Primavera
Arma propícia à ilusão, ou engano.

Fazendo a ilusão, causar tanto dano
Amigo da aventura e da quimera
Dando o tempo à paixão e nesta Era
Onde ela vai crescendo a cada ano.

Triste é o fim, em derradeiro dia
Impondo a tradição deste Mundo
Rindo de mim e de quem me guia.

Ando perdida, sem razão e triste
Num tempo de sentido, profundo
Oposto a tudo, que em mim existe.

Detesto a mentira e minto

Sempre que eu ouço palavras ocas
E mentiras inventadas por interesse
È que tantas e tantas vezes acontece
Que sendo muitas, mais acho poucas.

Na aparente verdade de vidas loucas
È que muitas mais vezes, me apetece
Mentir, quando a verdade me aparesse
Porque a elas eu faço, orelhas moucas.

E será verdade tudo isto que eu vejo?
Ou é vontade de verdade, que eu desejo
De ter em mim sabiamente sem vaidade.

E no meu ser vasto de entendimento
Tem a minha voz palavras, que invento
Quando por mal querem a minha verdade!

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Os olhos tristes

Ando perdido sem saber eu como
Meus olhos cheios de mágoa e ternura
Os meus pés pisam terra dura
Refugiam-se pensamentos, como o fumo.

Belos exemplos nos dá a ternura
Enquanto lembra, mantêm-se o aprumo
Leio em ti a minha amargura
Olhos não choram, fruto sem sumo.

Exemplos raros, medito em mim
Não posso mais tua voz me encanta
Gestos sensíveis, beleza é tanta

Ama-me doida, não finjas que sim
Não digas depois, que tudo te espanta
Os olhos tristes por chegar ao fim.


Amor belo engano. Abril de 1975-Lever /Zé Rocha

Primavera criadora

A primavera sempre chegou
Com ela trás... Tanta... Tanta flor...
Em nós dois floresceu o amor
Quando em outros, já se acabou!

Em busca de amor, também vou
Para ter felicidade ao meu redor
E seja com a mágoa, ou dor...
Pelas estradas, que piso e estou.

E seguindo o caminho em frente
Que só ao amor conduz a gente
E a uma estrada bem melhor.

E a estrada à vida nos conduz
Para sofrer todos temos uma cruz
Mas sofreremos ambos por amor.

Eu sou assim

Eu sou a noite em ti, escurecida
Sou a manhã mais triste e amena
Sou o romper do sonho e da vida
Só não sou, o Ser de alma pequena.

Eu sou o dia, que me traz perdida
Sou, talvez a alma, calma e serena
Sou a natureza que não é vencida
Só não sou feliz assim e tenho pena.

Eu sou também, o grito da voz ferida
Sou a vida feroz e a mulher guerreira
Só não sou, como queres, adormecida.

Eu sou enfim, mais uma das mulheres
Sou das trevas, infinita e companheira
Só não sou, o ser assim, como tu queres!

O livro

O livro ensina, é para nós um professor
Vai instruindo ao sabor do aprendiz
E seja como for, seja ou não feliz
É como um menino envolvente no amor.

O livro mostra, que da história é senhor
E folheando folha a folha um petiz
E entenda ou não, tudo o que diz
Não deixará de ser belo, ou de ter valor.

O livro comunica, ao ser agerto
E enquanto de alguém está perto
Faz companhia e afasta a solidão.

O livro é um amigo, de todo leal
Do mais remoto sentido universal
Recebe e dá, é para nós uma lição.

sábado, 3 de abril de 2010

Andei perdida

Perdida, fiz prosas e versos do sofrimento
E fiz poemas sem rimas dos meus pecados
E inspiro-me no bem e a todo o momento
Trago a alma e o coração, mais enganados.


Perdida, travei lutas e guerras do tormento
Perdi-me em amores loucos e já passados
Quando levei, mais loucura em movimento
Como quem deixa saudade aos seus fados.


E trocava dias felizes, por noites de paixão
Eu ganhava amores e desamores, iludida
E levava a vontade de amar ao coração.


E de novo me sorria, uma bela e boa vida
Eu fazia rimas e versos desta pura ilusão
E tudo me fez crer, que andei perdida.

Queria ser criança

Ao ver-me passar da mocidade
Sinto saudades da minha infância
Por não ter mais aquela tolerância
Nem que eu tivesse já maldade.

E assim desiludida com a idade
Embora viva como era em criança
Hoje, eu sou feliz só de lembrança
E comigo viverá esta saudade.

E quem me dera ser criança novamente
Para eu me achar com tudo indiferente
E fosse crescendo, mas sem vaidade.

Para eu ver um mundo bem diferente
Do passado nasce em mim esta vontade
De ser criança e fazer mal, sem maldade.

Mãe

A que uma vida, sofreu do coração
E um ingrato dia, morreu de aflição


Era simples, boa e sem vaidade
Aquela, a que a vida tristemente
Castigou vez após vez, lentamente
Até que a levou para a eternidade.

No coração a guardamos com saudade
Está no infinito, do Mundo ausente
Era para nós, mais que um parente
Neste Mundo, tão cheio de maldade.

Teve o fim ainda com tanta vida
E que embora má, era-lhe querida
Seguiremos seus passos sem enganos.

Neste Mundo cruel e de levianos
Da sua morte passaram já dez anos
E de nós filhos, jamais será esquecida.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Amar e multiplicar

Entreguei-me ao amor e a sonhar
Entrei no caminho bom e medonho
Amor no teu Ser, o meu eu ponho
Amadureci, já são horas de amar.

Encantei-me, no teu lindo olhar
E pensei não passar de um sonho
Neste presente, sincero e risonho
Dois corpos nus começam a semear.

Num leito muito cheio de paixão
Onde se entrega a alma e o coração
E os dois corpos comandam o momento.

São dois Seres, despidos da solidão
Aqui, onde tudo se faz e tem perdão
E com ansiedade aguardam o nascimento.

Asas no coração

Eu tive asas, para voar ao céu divino
E vivia envolta de tão grande solidão
Não sabia que era este o meu destino
Andar no Mundo em tamanha ilusão.

E nos meus versos, levantei um hino
O que fez sentido num pobre coração
E no meu peito ficou-me este ensino
E foi então que eu aprendi esta lição.

Quando bati asas assim insatisfeita
E já no meio de tanta luta e confusão
Meu coração tão ansioso assim se deita.

Asas no coração eu tive e sem fim
E pude voar nos sonhos desta paixão
Na vontade de verdade, que há em mim.