domingo, 17 de outubro de 2010

Canto louco de (novena)

Canto louco! Eu escrevo
Pela ternura da emoção
E talvez me sinta bem
Se cantar sem alegria
Quem sabe se a tradução
Que se excede dia a dia
Como as coisas que escrevo
E não são lidas por ninguém.

Canto louco! E disperso
Pela ousadia do pensamento
Que solto anda e pendido
Nas loucuras deste universo
Que eu trago dentro de mim
Como se fosse um tormento
Que anda a gemer assim
De tão louco e perdido.

Canto louco! Sobrenatural
Escondido ou curvado
Como torta eu me deslizo
Com liberdade e anseio
E o rosto trago tapado
Mas quem sou eu afinal
Se fraquejo, vejo e leio
Meu pensamento no paraíso.


Canto louco! E estremecido
Pelas sombras da floresta
Dispersas palavras que ajeito
Para as emoções dos costumes
E para o mistério devido
Que tem tudo o que nos resta
Até os malditos ciúmes
Que fazem faltar ao respeito.

Canto louco! E diverso
Que me eleva em tradição
Para as dunas do amor
Andas sentido e disperso
E tão cheio de confusão
Mas pela ternura do meu verso
Cheio de encanto e submerso
Contêm para mim mais valor.

Canto louco! E submisso
E arrastado pela fadiga
Para o universo da escrita
Como se fosse um amigo
Que desfaz um compromisso
E por muito, que nos diga
Às vezes não se acredita
Mas canta este canto comigo.



Canto louco! Louco e cheio
De espuma da corrente
Eu leio-me de cor e sozinha
Mas a brisa, solta e boa
Que me bate por anseio
Mostra muito à outra gente
Pela vontade que me voa
Nesta verdade que é só minha.

Canto louco! Cheio e louco
E sem falar mal de mim
Mesmo quando vou enganada
E no silêncio mau e triste
Já sem amor, ou muito pouco
Ou quase a chegar ao fim
Se a paixão já não existe
Eu canto muito para nada.

Canto louco! E desvairado
A cantar e a chorar a sério
E não é o caminho ideal
Mesmo a conter leveza e calma
Quem desvendar o mistério
Terá de ser rico e louvado
Ou jaz na minha alma
Como um canto imortal.

Santos e feiticeiros

Acordai, primeiro abram um girassol
Feiticeiras Luas e Santa Aleluia
Só quero ser sua ao nascer de um dia
Santos Milagreiros, Feiticeiro Sol.

Quero o que é meu Arcanjos, Senhores
Feiticeiras estrelas, mas sagradas
Se onde o merecer, Princesas coroadas
Feiticeiro Céu e Santos protectores.

Feiticeiros, Santos, histórias, lendas
São ouvidos tapados, olhos com vendas
Ou são as razões rudes, ou tolerância.

Santos, Feiticeiros, mitos, ou contos
São bocas caladas, para ganhar pontos
Ou são ilusões da vida, ou ignorância.

O verbo amar

A planar, a planar eu fui pelo ar
No verbo ir passado e inseguro
Tu vais, eu vou contigo e juro
Que vamos os dois a navegar.

A navegar, a navegar, fui ao mar
No verbo ir presente com futuro
Eu vou, tu vais comigo seguro
Nós vamos os dois ao ar amar.

A planar nós vamos e com rigor
No verbo ir, pretérito perfeito
Os dois juntos, unidos pelo amor.

A navegar, vamos e por emoção
No verbo ir, chegamos ao feito
Os dois de mãos dadas em paixão.

domingo, 3 de outubro de 2010

Murchou a flor do amor

O canteiro da vida em mim floresceu
No matizado da Orquídea em flor
Ao beijar a tua face, ò amor meu
No Lilás desbotado da sua cor.

Desabrochou a Rosa do nosso amor
E o que de tão pequeno se perdeu
Voou nas asas negras do condor
Agora amor finado que é o teu.

Em cada beijo trocado se embalou
Encandeado adormecido se enganou
E jaz no teu peito e no teu jardim.

E em cada abraço dado, me iludiu
Desfalecido e acabado se fundiu
E choram as flores com dó de mim.

Simplesmente Maria

Quem me dera, ser pastora
Em alta serra do horizonte
Quem me dera, ser senhora
Em alta rota mais coerente.

Quem me dera, ser já agora
Em alta-roda mais exigente
Quem me dera, ser criadora
Em alta poesia, ascendente.

Quem me dera, ser bem diferente
E em alta vida de humildade
Aquela que faz bem a toda a gente.

Quem me dera, ser assim somente
E em alta moda, sem vaidade
Fosse apenas eu, eu simplesmente.

A chuva

Cai livremente no chão
E refresca a natureza
Umas vezes perde a razão
Outras trás alguma beleza.

Gosto dela, ela é bela
E gosto de vê-la a cair
Quanto mais preciso dela
Mais de mim anda a fugir.

Por vezes é tão delicada
Que parece vir dançando
Umas vezes cai por nada
E outras vezes vai faltando.