quinta-feira, 18 de abril de 2013

O que tirei da cartola

Na minha audaz fantasia
Plagio versos sem receio
E com eles faço a poesia
Mesmo a saber que é feio.

Leio livros sempre pronta
Para alguma coisa copiar
E a seguir faço de conta
Que sou eu a inventar.

Copio um pouco de tudo
Porque quero ser alguém
E com tudo isto me iludo
E iludo outros também.

E até plagio as ideias
Daqueles que vou seguindo
Subo aos palcos e das plateias
Ninguém vê que estou fingindo.

E chego ao alto patamar
E lá ficarei suspensa
Até que há-de chegar
O dia da minha sentença.

Mesmo assim não vou parar
Porque quero muito e mais
Eu continuarei a plagiar
E não desistirei, jamais.

Maria Gomes

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O vão do poeta

Com a minha voz d’ emoção
Eu canto com liberdade
Os versos desta canção
Como o fado da saudade
Que tenho na minha mão.

Com a minha pena em ação
Eu faço com a lealdade
A rima do meu refrão
Com efeitos d’ amizade
Que trago no coração.

Com a minha vida ou não
Eu faço com a vaidade
Mil gestos d’ ilusão
Castrados e sem verdade
Por tudo aquilo que são.

Com a minha poesia então
Eu toco tudo à vontade
Em momentos de tensão
Já cansados pela idade
Não sabem por onde vão.

E o vão do poeta em questão
Só escreve aquilo que sabe.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

A foz do fim do dia

Pôs-se o sol quase ao fim do dia
E sereno o tempo se calava
Pusera-se a noite a cantar
O sonho que à muito trazia
No silêncio que em mim pairava
Viera a trote e sem parar
A onde já nada bulia
E por fim o dia que deixava
De ser na noite que rompia
Em gritos mudos a minha voz
Com a arte modesta e nobre
Como um refugio do povo a sós
E nas garras de quem é pobre
Que em luta anda por nós
E não há grito que ocorre
Para chegar com o ar feroz
É mais uma brisa que já corre
Pela corrente nua do dia para a foz.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Murchou a flor do amor

Murchou a flor do amor
Um canteiro da vida aqui, floresceu
No matizado da Orquídea, em flor
Ao beijar a tua face, ò amor meu
No Lilás desbotado da tua cor.

Desabrochou a Rosa, do teu amor
E que de tão pequeno, se perdeu
Voou nas asas negras do condor
Agora amor finado que é o teu.

Em cada beijo trocado me embalou
Encandeado perdido se enganou
E jaz no teu peito e no meu jardim.

Em cada abraço dado que me iludiu
Desvendado, acabado, se fundiu
E choram as flores com dó de mim.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Receituário para amar

Juntei entusiasmo com emoção
Pus, uma pitada de malícia
Mexi em todo lado com carícia
Temperei prazer com satisfação.

Meti abraços, beijos com coração
Na receita, que ficou propícia
Para dar calor d’ amor na delícia
Servi amada com ternura, paixão.

De mui’ simpatia também perfeita
Para amar assim eu fiz a receita
Do bendito amor imaginário.

Com gentileza a guardo no peito
Na minh’ alma alimento o conceito
D’ amor que apraz o meu receituário.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Gente do campo

Homem que semeia no campo, o pão
Mulher sua, de cansaço na colheita
Filhos ao brincar unidos pelo cordão
Que mostram ser gente satisfeita.


Gentes que vivem da antiga tradição
Que sentem a humildade perfeita
Que nasceu do trabalho árduo união
E tempo de lazer também se ajeita.


Nos corais verdejantes da floresta
Vivem unidos e sempre em festa
Como se não tivessem mais fadiga.


Nos caminhos da vida de percalços
Vestem poucas roupas e descalços
Finam com menos olhos que barriga.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

A emoção

Num movimento oscilante
Há uma brisa que passa
Mas não entra, vai e leva
A minha mente ao labirinto
Desconcerta o grave grito
Mistura-se por um instante
À vida que me abraça
E pelo tormento descai
Arranco a mentira, não minto
E agito o coração aflito
No movimento da emoção
Que lapido no meu peito
Afago o momento que sinto
E é tão belo e tão bonito
Mas nunca me abraça perfeito.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Calem as vozes

Do Céu brilham as estrelas
Ao meu olhar de fatigada
Espera-me a cama deserta
Funde o pensamento vago.

Da Lua iluminada nas telas
Com a minha mão desafinada
Rabisco a vida vazia, incerta
De tantos feitiços, que trago.

Do Céu e da Lua, ou de mim
Ó brilho iluminado do além
Deixa-me luz de vida, sem fim
Dá-me o amor puro de alguém.

Calai-vos almas no firmamento
Das inquietações tão regulares
Mais controladas e com talento
Calai os ódios de outros lugares.

Calai meus versos descuidados
Derrubai expressões singelas
Suspendei desvalores e pecados
E dividam fadários em parcelas.

domingo, 20 de maio de 2012

Isto é amor

Na doçura dos teus beijos
O amor brota a florir
Como num fechar e abrir
A caixinha dos desejos.
Na ternura dos teus braços
A paixão fluí, flutua, eu amo
Com minha boca amor te chamo
Minhas mãos são como laços.
Na perdição do meu amor
Onde enlouqueço um pouco
Ao trocar um beijo louco
Que em nós eterniza o sabor.

sábado, 5 de maio de 2012

Feito na magia da noite




Com magia se faz a vida

Com amor se faz o mundo

Crescer em paz e alegria

Numa prece que é trazida

Por um bem tão profundo

Nos suspiros da poesia.



Com alma se faz bater

Mais forte um coração

Que se abre em harmonia.

No silêncio da noite a correr

Com sintonia e bênção

Que trazem os sons da magia.



Sentido, amizade e bem

Ao peito da hora que passa

Em vozes de louvor e raça

Que dão cor e graça que tem.



Maria Gomes

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Canção do poeta livre




A minha pena que grita

O meu desabafo de ventura

A minha voz mais aflita

Quando me falta a ternura

Meus poemas que escrevo

Para ti minha vontade

São como as folhas do trevo

A dançar em liberdade.



Meu suspiro e meu suporte

Meu sentido e minha voz

São como a minha sorte

De cantar para todos vós

Meu raiar da tua aurora

Minha manhã serena e calma

Já canta comigo agora

O refrão que vem da alma.



Meu amor minha aventura

Minha vida de tristeza

Minha ânsia branca e pura

Nos braços da natureza

Vai dançando com saudade

De cravo encarnado na mão

Para não morrer a liberdade

E a poesia também não.





Maria Gomes

sábado, 21 de abril de 2012

Corrente d’ água

Canta a água do ribeiro
Quando corre alegremente
Porque quer chegar primeiro
Aonde a leva a corrente.
Dança a água no riacho
Quando se enrola pela encosta
Com pressa de chegar lá abaixo
Desaguar é o que mais gosta
Corre a água, corre, corre
Pelas colinas da montanha
Sabendo que nunca morre
Corre, corre e sempre ganha
Passa a encosta e a colina
Como o caminhar do peregrino
Porque é esta a sua sina
Pois é este o seu destino.

sábado, 14 de abril de 2012

Amor

Eu vou à beira mar, impaciente
Fogem de mim ondas enfurecidas
Onde levo eu as mãos erguidas
Ao pedir saúde, amor suficiente.


Tu vais à beira mar, já coerente
Levas as tuas mãos, já estendidas
A pedir a união, às escondidas
Rezas no sentido árduo presente.


Eu vou, tu vais no verbo penitente
Do passado ao futuro, com as vidas
Nós vamos os dois como quem sente.


Ver-se unidos pelo amor de repente
De mãos dadas com elas mais unidas
Nós vamos ao mar!... E humanamente.


O que vamos lá fazer!...

sábado, 7 de abril de 2012

Olhos verdes são traição

Em teus olhos vi amor quando me viste
Logo o olhar percorreu serras e montes
Ao saber, que o teu olhar no meu existe
Assim ficou o meu olhar nos horizontes.


Lágrimas que correm, num rosto triste
Destes meus olhos, que parecem fontes
Onde se perdeu o que por mim sentiste
No infinito olhes e meu olhar encontres.


Por estranhos caminhos vais meu olhar
Na esperança de te voltar a encontrar
Agora, que caiu meu olhar em tentação.


Tenho os olhos tristes com mais saudade
Como vi em teus olhos, essa verdade
Sabendo eu que olhos verdes são traição!

sábado, 31 de março de 2012

Mantas de retalhos

No meio das minhas mantas
Da vida dos meus retalhos
Cubro as minhas fantasias
E enquanto tu me encantas
Eu perco-me nestes atalhos
E acho-me nas minhas poesias.

E numa estância de espera
As plumas andam pelo ar
Flutuam mentes em percussão
E agora a mim quem me dera
Lá debaixo das mantas ficar
E pernoitar junto do teu coração.

domingo, 11 de março de 2012

Em sonho

Eu fiz-me tão grande e repleta
Enquanto fui no Mundo, alguém
E sou a que tudo pode e tudo tem
E a que na vida, chegou á meta.


Eu fiz-me maior e mais completa
Enquanto pratiquei somente o bem
E sou a que fez e sem olhar a quem
E a que lançou ao cúpido, a seta.


E também me vi na maior mulher
Não conheci ninguém, igual a mim
E tem que ser assim, quem me quiser!...


Eu sou, a que fui mais e mais além
A que sonhou tanto, tanto e por fim
Acordei do sonho e não sou ninguém.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

O olhar das rimas

Levantei o meu olhar
Tropecei na solidão
Levitei mais devagar
E deixei-me a meditar
Na fadiga e sem razão
Voltei a olhar para o chão
E fiquei lá a procurar
O que não me queriam dar
Uma migalha de pão
Para poder mastigar
E assim lapidei a gratidão
Sublime a divagar
E não olhei mais para o ar
E parei a inquietação
Nos primórdios da ilusão
Que não me deixou sossegar
Nem ilustrar o coração
Levantei-me e sem parar
Dei largas à imaginação
E continuei a rimar
Arquivei esta solução
Ansiei o dia a madrugar
Gritei de tanta rebelião
E não perdi a ocasião
Para poder mendigar
A vontade da emoção
E ajoelhei-me a pedir perdão
E rasguei a saudade de amar
Para me deixar mais sensação
Lamentei tudo sem pensar
Fiquei presa à permissão
E agarrei a magia ao acabar
Para ficar com mais inspiração.

No palco da vida, muda

Subi ao palco e de voz afinada
Eu gritei em alto som
Como num ensaio para a vida
No meu teatro de fantasia
E no meu triste vazio sem nada
Representei, mas não tinha dom
Vi-me sem público perdida
Transformei em noite este dia
Desci do palco, despi a arte, a valentia
Supri o gosto num gesto meu
Amaldiçoei a peca, o tema e sem rigor
Eu lamentei-me abandonada
E na nostalgia do amor perdido
Bulia a tempestade e o desespero atroz
E enquanto ele bulia
Corriam as estrelas do meu céu
E eu, à procura do amor
Que me deixou mais enganada
E fora do meu sentido
Quando calou de vez, a minha voz.

domingo, 20 de março de 2011

A rezar de joelhos

Rezo e rogo, de mãos postas

Pela estrada da inspiração

Leva-me o vento de fantasia

Quando gosto do que gostas

Agito em mim, rebelião

E escrevo a rir, poesia.

Rogo e rezo, já de joelhos

Sem rédeas eu vou a caminho

Nos poemas de encantar

Quando não me dão conselhos

Ao ouvido bem baixinho

Tenho eu, alguns para dar.

E se de novo, as mãos erguer

Ajoelho-me à sua frente

A pedir, porque a cantar

De joelhos mais inocente

Eu rio do que estou a escrever

E lá vou eu, ter que rezar.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O meu Mundo

Eu alcancei sabedoria em relação
A vozes, que mentem normalmente
Como conseguem ganhar bem o pão
Enquanto falta tanto a tanta gente.

Ensinamentos guardo e se me dão
Trabalhos, que eu tão dificilmente
Ainda faço, como fiz com gratidão
Cumprindo ordens da voz que mente.

Se vivo de compreensão, tolerância
E sou feliz, talvez por ignorância
Tenho sonhos belos, hilariantes.

Nada me valeu, saber, que é pouco
E senti a bravura do mundo louco
Pelas razões duras e constantes.